Não vos
tenho colocado a par das minhas leituras e desde No Limiar da Eternidade (que
vos falei aqui)
já li 3 livros (quase 4). Mas não vos vou falar de todos no mesmo post, para
não ficar um post muito comprido e para dar a devida atenção a cada um. :)
Seguindo a
ordem cronológica de leitura, o livro que vos falar hoje é Madrugada Suja, de
Miguel Sousa Tavares, que já estava há algum tempo na minha lista de livros a
ler, principalmente porque gostei muito dos outros romances que li deste autor
(Equador e Rio das Flores).
Madrugada
Suja, através da história de Filipe, um arquitecto paisagista com uma origem
humilde, dá-nos a conhecer duas realidades contrastantes: a de uma pequena
aldeia alentejana; e a da corrupção política e económica.
O ponto de
partida do enredo é um incidente dramático entre estudantes universitários, a
que o autor apelida de madrugada suja. E a partir daí vamos conhecendo
personagens e acontecimentos que aparentemente em nada se relacionam, mas que
ao longo do livro vão tomando forma e sentido.
A avaliação
global deste livro é bastante positiva, no entanto fica muito aquém dos outros
livros de Miguel Sousa Tavares, logo fica aquém da expectativa. Para além disso
a história é um bocado previsível demais e a intenção de crítica social
demasiado óbvia. Apesar de tudo é um livro de leitura fácil e entusiasmante.
Excertos do
livro:
"Se
hoje, a alguma mulher - ou homem, vá - fosse proposto um amor assim, feito de
um amontoado de dias sempre iguais, de hábitos, rituais, incompreensíveis
manias estabelecidas, feitos de tantos e tantos silêncios, de olhares mudos,
mãos que às vezes se tocavam disfarçadamente sobre a mesa quando ninguém mais estava
a ver, feito de tantos e tantos trabalhos forçados, canseiras, cansaços,
desilusões e embaraços, quem, que mulher, que homem, chamaria a isso
amor?" (Pág. 61)
"Alguém
dissera um dia que se podia viver sem tudo, menos água e comida, mas que viver
sem livros e sem música não seria o mesmo que viver. " (Pág. 238)